quarta-feira, 9 de março de 2016

Entendendo a relação entre cognições e comportamentos


Desde a infância a criança é exposta a uma série de estímulos e eventos que, pelos processos de aprendizagem e desenvolvimento, vão sendo interpretados e armazenados na memória de longo prazo, respeitando a maturidade biológica e emocional que se encontra. Esses registros ou representações mentais são acompanhadas de emoções podendo ser negativas ou positivas, de acordo com os conteúdos de seus pensamentos, também aprendidos com os modelos parentais, os quais expressam a vulnerabilidade cognitiva da pessoa. Quanto maior a vulnerabilidade cognitiva, maior a tendência a distorcer a realidade. Ao longo de seu desenvolvimento formam-se os chamados esquemas funcionais ou esquemas disfuncionais, nos quais se armazenam as crenças centrais da pessoa, que, por sua vez, determinam seu modo de sentir e agir, segundo o princípio da primazia das cognições sobre emoções e comportamentos, proposto pela TC.  Estas crenças quando caracterizadas como distorções dos eventos reais,  acabam por formar suposições, crenças intermediárias e regras condicionais que regem a vida da pessoa, muitas vezes limitando suas capacidades latentes. Por meio das técnicas propostas pela TC, que incluem treinamentos comportamentais variados, é possível ter acesso a estas crenças, até então inconscientes, por meio da identificação e desafio dos pensamentos automáticos negativos (PAN´S), mais facilmente percebidos pelas pessoas, diante de situações cotidianas e do passado, quando questionadas e levadas ao exercício da flexibilidade cognitiva.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O que é infantolatria?

Consiste na tendência dos filhos assumirem o controle da rotina familiar pelo fato de seus pais ou responsáveis adequarem os horários, tarefas e atividades em função dos filhos, ainda que tal adaptação possa trazer prejuízos para a família.
A infantolatria acontece quando os adultos deixam de cumprir ou assumir compromissos preestabelecidos diante do comportamento de birra ou simplesmente da vontade de seus filhos, ainda que muito pequenos, ou seja, na primeira infância, que compreende o período entre o primeiro mês de vida aos 6 anos de idade. Cita-se como exemplo a desistência de consultas médicas, reuniões sociais e recusa de convites. No dia-a-dia da família também se nota tal comportamento quando a criança é quem decide o que comer, o que assistir, o que ouvir, onde sentar e até mesmo conversar. Ou ainda nos hábitos da criança como horário de dormir ou comer, os  quais são interpretados por suas mães como: “ela gosta de acordar tarde; ela só dorme com desenho e mamadeira” etc.
A partir do momento em que a mãe aprende a reconhecer as diversas demandas do bebê como sede, fome, dor, sono e temperatura, ela também passa a ceder para as vontades do bebê, como atenção e carinho, que também são necessários ao crescimento e desenvolvimento saudável da criança. Porém esses desejos precisam ser compreendidos e educáveis pelos adultos, responsáveis por construir interações positivas, de modo a ensinar os comportamentos desejáveis para cada situação e fase de seu desenvolvimento, utilizando de linguagem e gestos adequados ao entendimento da criança e estratégias criativas para minimizar os riscos para sua segurança e conforto. Considerando que o bebê, do nascimento ao primeiro ano de vida aproximadamente, apresenta uma grande dependência do adulto, a infantolatria pode ser melhor observada  a partir do primeiro ano, quando o bebê já tem desenvolvido sua independência de locomoção e se encontra na fase de grandes descobertas a partir do movimento.
Do nascimento aos dois anos de idade, aproximadamente, a criança depende inteiramente do adulto para atender às suas necessidades de sobrevivência e afeto, bem como precisa das medidas de segurança, proteção e orientação daquilo que se deve ou não fazer, sendo esta fase voltada para seus cuidados e atenção, como respeitar os horários de se alimentar e de dormir, sentir a presença do colo materno, ouvir a voz paterna etc. Esta fase exige uma dedicação e esforço maior de seus pais para formar bons hábitos na criança, de modo que ela tenha suas necessidades básicas atendidas, as quais não podem ser confundidas com mimos, nem tão pouco negligenciadas. Vale lembrar que o contrário da infantolatria é a negligência parental que causa uma série de comprometimentos no desenvolvimento infantil, já comprovados cientificamente, com altos índices de ocorrência, incluindo situações de agressão e abandono.
Os riscos da infantolatria residem nas desavenças de opiniões sobre a educação dos filhos, na falta de tempo ao cônjuge, na ausência de programas e atividades que não sejam diretamente ligadas às crianças, ausência em consultas médicas, cuidados com a saúde, compromissos do trabalho, cuidados com a casa, cuidado com os irmãos maiores. Estas situações frequentemente repetidas tendem a aumentar o nível de estresse da família, levando a conflitos ou até mesmo problemas de saúde, sejam eles físicos ou emocionais, inclusive por parte de irmãos mais velhos que podem desenvolver crenças de não estima ou desamparo diante da ausência de seus pais no acompanhamento escolar ou dos acontecimentos de sua vida. Tais registros de memória da infância podem perdurar na vida de uma pessoa, chegando a apresentar dificuldades de relacionamento na sua vida adulta. Para saber mais sobre os efeitos das crenças negativas formadas na infância recomendo a leitura das obras de Aron T. Beck, fundador da Terapia Cognitiva.
Os comportamentos da criança entendidos como infantolatria podem trazer sérios comprometimentos para sua vida em curso como a falta de limites, não aceitação de regras, baixa tolerância à frustração, insegurança e sentimento de raiva quando contrariada, baixa capacidade de resolução de conflitos, dificuldade para tomar decisões e lidar com mudanças e novidades. Pois como desde pequena ela detinha um “falso controle” da situação, ao se deparar com as regras impostas pela sociedade, sejam elas positivas ou negativas, e a necessidade de interação social, ela se vê despreparada para enfrentar situações adversas, contrariedades e tomada de decisões rápidas para evitar ou solucionar problemas em qualquer área de sua vida.
É verdade que não existe receita para educar seus filhos, mas existem ínfimos recursos para interagir de forma saudável e positiva com eles. O primeiro passo é a aceitação da maternidade e paternidade como condição inerente de suas existências, isto é, pais são responsáveis pelos seus filhos e modelos de aprendizagem a serem imitados pela criança, que apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento e aprendizagem. Sugere-se o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, tais como cursos preparatórios e leituras indicadas, a fim de compreender que existem fases de desenvolvimento até que se alcance a maturidade completa. E para cada fase existem características e necessidades que devem ser respeitadas e atendidas para que a criança possa se desenvolver. Neste sentido os pais precisam entender que seus filhos necessitam de regras e correções de atitudes e comportamentos para que se sintam seguros em suas descobertas e aprendizado. E que são elas, as crianças, quem se adéquam ao ritmo dos pais e da casa, pois são eles que neste momento detém o conhecimento da vida e são os primeiros objetos de identificação e imitação a serem seguidos. Uma boa reflexão do estilo de vida adotado pela família e das coisas e atividades que são por ela valorizadas, como escola, amizades, respeito às diferenças, hábitos de vida saudáveis, levará possivelmente à mudança ou aquisição de novos hábitos direcionados a promover qualidade de vida e harmonia na família. Consequentemente a criança crescerá num ambiente de paz e amor, onde todos se respeitam e se ajudam, de modo a valorizar as boas atitudes e comportamentos realizados pela criança, desenvolvendo, assim, crenças positivas sobre si mesma, sobre as pessoas e sobre o futuro. 


domingo, 19 de julho de 2015

Escolha profissional e tomada de decisão



        A formação acadêmica, primeiramente, requer uma construção gradual e adequada às necessidades individuais do ser humano. Vários fatores concorrem para uma boa escolha, desde o curso pretendido até as condições físicas, emocionais e sociais para sua realização. O essencial consiste na escolha consciente e genuína do futuro graduando, com base em seus interesses, motivações e expectativas, elementos estes que podem sofrer alterações ao longo da jornada. Deste modo, enfrentar possíveis mudanças no caminho representa uma habilidade a ser desenvolvida e praticada com maturidade e segurança, já que a escolha profissional é uma importante decisão na vida de qualquer pessoa.
       Os principais fatores do sucesso acadêmico e profissional consistem na disposição e comprometimento do aluno em buscar e explorar todos os recursos possíveis para contribuir e enriquecer seu aprendizado, independente da universidade ou do tempo de seu ingresso. É claro que boas universidades que apresentam estrutura, materiais e profissionais qualificados apresentam vantagens para o aluno, mas não são garantia de sucesso.
       A vitória reside na mente daquele que realiza com amor e esperança todas as suas tarefas, com entrega, perseverança e humildade.O conhecimento é um bem precioso que liberta a pessoa de seus medos, à medida que ela aprende a controlar seus pensamentos, emoções e comportamentos, construindo crenças positivas e úteis para o alcance de suas metas.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os riscos da Medicalização isolada

        Muito sério, infelizmente tão comum.... o sofrimento existe , como também meios seguros e eficazes de combatê-lo , modificá-lo e até mesmo eliminá-lo. Que tal iniciar demonstrando e expondo seus sentimentos e dificuldades ao profissional tecnicamente especializado e treinado para ouvi-lo e fazer-se ouvir?!
         A medicalização quando empregada como único método para tratar de sintomas físicos, acompanhados de angústia e sofrimento, pode levar a um tratamento inesgotável sem sucesso. Falar de seu sofrimento, seus medos, suas angústias pode alcançar lugares até então inacessíveis de sua mente, com alto potencial revelador de suas causas e origem, dimensão esta jamais atingida por meio de medicamentos. 
        Uma vez conhecidas, apontadas e visualizadas as causas de tamanho sofrimento, o homem tem condições múltiplas e estáveis de enfrentar as consequências negativas que influenciam sua vida presente, libertando-se dos males físicos e psíquicos. 
        A disponibilidade interna, o desejo e a crença na mudança são os principais agentes "medicalizadores" para o processo terapêutico efetivo, acompanhado ou não de medicamentos (TOSETTO, 2015). 


Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA.
A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor.
Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA.
A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia.
Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!
Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”.
Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.
Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.
Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito.
Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde (?!).
Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!!
Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo... não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.
Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado.
Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).
A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida).

Autor: Dr. Carlos Bayma

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Exigências dos tempos modernos e a Síndrome do Pensamento Acelerado

A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) nada mais é do que um sintoma dos Transtornos de Ansiedade, caracterizada pela dificuldade de relaxar e excesso de informações e atividades, que consomem todo o tempo e a energia de uma pessoa, levando a outros sintomas como fadiga física e mental, perda de memória, atenção e concentração, insatisfação e sensação de cansaço constante. Uma das principais causas deste mal do século se encontra nas facilidades e velocidade dos recursos tecnológicos, haja vista a grande quantidade de informações simultâneas provocadas a todo instante na vida das pessoas, que não hesitam em consultar assídua e exageradamente as redes sociais e sites variados para verificação de mensagens e atualizações. Esta pressão psicológica e profissional do trabalho tem prejudicado a saúde física e mental de muitas pessoas, que não conseguem administrar seu próprio tempo e, consequentemente, sofrem dos mais variados problemas psicológicos e doenças físicas.

Assim, nos dias modernos as pessoas buscam alternativas e até mesmo soluções para uma vida mais saudável, com economia de tempo e dinheiro. Neste sentido, a Terapia Cognitiva, sendo uma abordagem clínica de tratamento comprovada cientificamente, oferece recursos eficientes para a pessoa enfrentar o cotidiano com equilíbrio e otimismo. Os pilares que sustentam a TC são a reestruturação de crenças e a solução de problemas, como base nas hipóteses da vulnerabilidade cognitiva e da primazia das cognições sobre as emoções. Isto é, o cliente aprende a identificar, desafiar e reestruturar suas crenças e pensamentos automáticos negativos, responsáveis pelo controle de suas emoções e comportamentos, de modo a elaborar alternativas de pensamentos que os conduz ao alcance de suas metas.

A sugestão para uma vida mais saudável e feliz para aquelas pessoas que, no momento, sentem-se prejudicadas emocional, física ou socialmente, por inúmeros e variados motivos e, portanto, estão com dificuldades para tomar decisões, é a busca de um profissional devidamente treinado e especializado em Psicologia Clínica, em especial em Terapia Cognitiva, nos casos de transtornos de humor, transtornos de personalidade, dificuldades de relacionamento e outras dificuldades. A indicação é a realização de uma avaliação inicial com um psicoterapeuta para orientações adequadas de tratamento.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Como tratar a ansiedade?




Quanto ao tratamento para ansiedade, sem a medicação (antidepressivo e outro especifico para ansiedade) é impossível finalizar um tratamento com sucesso? Um é o complemento do outro? Ou é possível controlar através de técnicas e florais sem a necessidade de uma medicação mais agressiva?
Primeiramente cada caso é único, essa resposta só é possível mediante avaliação e intervenção psicológica. Se o paciente no decorrer da psicoterapia não apresentar melhoras nos níveis de ansiedade, o psicoterapeuta deve encaminhá-lo para avaliação psiquiátrica e neurológica para verificar a necessidade do uso de medicamentos associados à psicoterapia.
Em caso afirmativo, um tratamento complementa o outro. A medicação serve para regular o equilíbrio homeostático do nosso organismo (hormônios, neurotransmissores que regulam nossas emoções) que, por sua vez, sofre influência do estilo de vida da pessoa (pensamentos, atitudes, comportamentos etc).
Ou seja, o medicamento pode ser fundamental, ou até mesmo dispensável para o quadro sintomatológico de ansiedade, desde que a pessoa modifique seu estilo de vida, possível somente pelo desejo de mudança e busca de ajuda profissional especializada do psicólogo clínico. 
A Terapia Cognitiva consiste em uma abordagem teórica e prática de psicoterapia, comprovada cientificamente e eficaz para os transtornos de ansiedade.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Redes sociais e relacionamentos

Mulheres, em especial, se queixam da falta de iniciativa dos homens em situações de conquistas e pela falta de comprometimento nas relações amorosas. Razões óbvias podem ser encontradas quando tecemos uma comparação com o modo de vida há 30 anos.
Nesta ocasião não tínhamos torpedos, sms, whats app, scrapbook, Instagram etc. Ou seja, se um homem desejasse uma mulher, por diversas intenções, a única saída eram os encontros, muitas vezes às escondidas. No mínimo, ele tinha a incumbência de redigir um recado, um tanto convincente, identificando-se e fazendo um convite, o que, nos dias de hoje, raramente acontece.
Os diálogos virtuais são monossilábicos, vagos, inseguros e indiscriminados. É como uma roleta plantada em uma prova de velocidade, na qual a sorte está lançada, aquela que responder ligeira alcança a segunda etapa do “cortejo”, que inclui a segunda palavra do diálogo.
Vejam bem, os critérios são efêmeros, descontínuos e instantâneos para “selecionar” os alvos. Não esquecendo um critério importantíssimo que não exige nenhum esforço intencional do homem no momento da escolha, um simples sinal verde indica para ele as pessoas disponíveis naquele exato momento, no qual os demais programas “melhores” já foram descartados ou até mesmo realizados. A cama está armada! Basta um simples oi ou uma piscadinha, pronto: “Levei!”
Como não bastasse, existem as opções muito divertidas, as carinhas ou figuras, que substituem a expressão de afeto e sentimentos entre as pessoas, que dispensam quaisquer explicações, possibilidades de dúvidas, sugestões ou alternativas de solução de problemas, determinando o fim daquele capítulo. Deste modo, a dor, o sofrimento, a expectativa e a frustração não precisam ser experimentadas pelo par interativo, dada a efemeridade das relações.
Por conseguinte, não se faz necessário nenhuma forma de comprometimento, já que tudo está finalizado, como uma construção que se inicia e finda no mesmo compasso, seguindo para a próxima tentativa, que se apresenta como uma nova oportunidade de encontro, com começo, meio e fim. Sensação de liberdade, controle da situação e ausência de sofrimento.
Filhos? Imprevistos casuais, temporais e externos à pessoa, já que não estava na sua intenção, por isso não será preciso abrir mão da sua liberdade, do controle da situação e, sobretudo, da ausência de sofrimento. Afinal de contas, todo mundo quer ser feliz e amado, ops... a segunda opção é dispensável, já que ninguém sabe explicar o que é o amor!


Créditos da imagem: http://www.quickdrops.com.br/2013/05/assumindo-nas-redes-sociais.html

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Depressão ou tristeza?

Como identificar os primeiros sintomas de depressão?
A depressão é classificada como um transtorno de humor conforme o DSM-IV, podendo apresentar diferentes níveis de comprometimento físico e mental.
Segundo o Inventário Beck de Depressão (BDI), a doença pode ser classificada em grau mínimo, leve, moderado ou grave, de acordo com os sintomas apresentados.
Alguns dos principais sintomas são: sentimento de tristeza constante, perda de interesse pelas pessoas e coisas em geral, dificuldade de tomar decisões, irritabilidade, pensamentos suicidas, crenças de fracasso, culpa e inferioridade, alterações no sono, alimentação, disposição física, preocupações com a saúde e perda da libido.
Uma forma de tratamento eficaz é a combinação da terapia cognitiva com o tratamento medicamentoso, quando necessário, segundo avaliações clínicas por profissionais especializados. Quanto mais cedo a busca por ajuda profissional, melhor será o prognóstico da doença e consequentemente, sua cura.
 É muito importante estar alerta para não confundir um estado de tristeza temporal  e específico, o qual todos nós podemos sofrer inúmeras vezes, com a instalação de um quadro depressivo, na qual a pessoa sente imensa dificuldade de enfrentá-lo sozinha, sendo um estado de tristeza sem causa aparente e constante no dia-a-dia da pessoa.
Para maiores esclarecimentos acerca de uma das doenças do mal do século, segue uma sugestão bibliográfica:
BECK, A.T. e col. Terapia Cognitiva da Depressão. ARTMED. 1a edição. 1997.


quarta-feira, 9 de março de 2016

Entendendo a relação entre cognições e comportamentos


Desde a infância a criança é exposta a uma série de estímulos e eventos que, pelos processos de aprendizagem e desenvolvimento, vão sendo interpretados e armazenados na memória de longo prazo, respeitando a maturidade biológica e emocional que se encontra. Esses registros ou representações mentais são acompanhadas de emoções podendo ser negativas ou positivas, de acordo com os conteúdos de seus pensamentos, também aprendidos com os modelos parentais, os quais expressam a vulnerabilidade cognitiva da pessoa. Quanto maior a vulnerabilidade cognitiva, maior a tendência a distorcer a realidade. Ao longo de seu desenvolvimento formam-se os chamados esquemas funcionais ou esquemas disfuncionais, nos quais se armazenam as crenças centrais da pessoa, que, por sua vez, determinam seu modo de sentir e agir, segundo o princípio da primazia das cognições sobre emoções e comportamentos, proposto pela TC.  Estas crenças quando caracterizadas como distorções dos eventos reais,  acabam por formar suposições, crenças intermediárias e regras condicionais que regem a vida da pessoa, muitas vezes limitando suas capacidades latentes. Por meio das técnicas propostas pela TC, que incluem treinamentos comportamentais variados, é possível ter acesso a estas crenças, até então inconscientes, por meio da identificação e desafio dos pensamentos automáticos negativos (PAN´S), mais facilmente percebidos pelas pessoas, diante de situações cotidianas e do passado, quando questionadas e levadas ao exercício da flexibilidade cognitiva.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O que é infantolatria?

Consiste na tendência dos filhos assumirem o controle da rotina familiar pelo fato de seus pais ou responsáveis adequarem os horários, tarefas e atividades em função dos filhos, ainda que tal adaptação possa trazer prejuízos para a família.
A infantolatria acontece quando os adultos deixam de cumprir ou assumir compromissos preestabelecidos diante do comportamento de birra ou simplesmente da vontade de seus filhos, ainda que muito pequenos, ou seja, na primeira infância, que compreende o período entre o primeiro mês de vida aos 6 anos de idade. Cita-se como exemplo a desistência de consultas médicas, reuniões sociais e recusa de convites. No dia-a-dia da família também se nota tal comportamento quando a criança é quem decide o que comer, o que assistir, o que ouvir, onde sentar e até mesmo conversar. Ou ainda nos hábitos da criança como horário de dormir ou comer, os  quais são interpretados por suas mães como: “ela gosta de acordar tarde; ela só dorme com desenho e mamadeira” etc.
A partir do momento em que a mãe aprende a reconhecer as diversas demandas do bebê como sede, fome, dor, sono e temperatura, ela também passa a ceder para as vontades do bebê, como atenção e carinho, que também são necessários ao crescimento e desenvolvimento saudável da criança. Porém esses desejos precisam ser compreendidos e educáveis pelos adultos, responsáveis por construir interações positivas, de modo a ensinar os comportamentos desejáveis para cada situação e fase de seu desenvolvimento, utilizando de linguagem e gestos adequados ao entendimento da criança e estratégias criativas para minimizar os riscos para sua segurança e conforto. Considerando que o bebê, do nascimento ao primeiro ano de vida aproximadamente, apresenta uma grande dependência do adulto, a infantolatria pode ser melhor observada  a partir do primeiro ano, quando o bebê já tem desenvolvido sua independência de locomoção e se encontra na fase de grandes descobertas a partir do movimento.
Do nascimento aos dois anos de idade, aproximadamente, a criança depende inteiramente do adulto para atender às suas necessidades de sobrevivência e afeto, bem como precisa das medidas de segurança, proteção e orientação daquilo que se deve ou não fazer, sendo esta fase voltada para seus cuidados e atenção, como respeitar os horários de se alimentar e de dormir, sentir a presença do colo materno, ouvir a voz paterna etc. Esta fase exige uma dedicação e esforço maior de seus pais para formar bons hábitos na criança, de modo que ela tenha suas necessidades básicas atendidas, as quais não podem ser confundidas com mimos, nem tão pouco negligenciadas. Vale lembrar que o contrário da infantolatria é a negligência parental que causa uma série de comprometimentos no desenvolvimento infantil, já comprovados cientificamente, com altos índices de ocorrência, incluindo situações de agressão e abandono.
Os riscos da infantolatria residem nas desavenças de opiniões sobre a educação dos filhos, na falta de tempo ao cônjuge, na ausência de programas e atividades que não sejam diretamente ligadas às crianças, ausência em consultas médicas, cuidados com a saúde, compromissos do trabalho, cuidados com a casa, cuidado com os irmãos maiores. Estas situações frequentemente repetidas tendem a aumentar o nível de estresse da família, levando a conflitos ou até mesmo problemas de saúde, sejam eles físicos ou emocionais, inclusive por parte de irmãos mais velhos que podem desenvolver crenças de não estima ou desamparo diante da ausência de seus pais no acompanhamento escolar ou dos acontecimentos de sua vida. Tais registros de memória da infância podem perdurar na vida de uma pessoa, chegando a apresentar dificuldades de relacionamento na sua vida adulta. Para saber mais sobre os efeitos das crenças negativas formadas na infância recomendo a leitura das obras de Aron T. Beck, fundador da Terapia Cognitiva.
Os comportamentos da criança entendidos como infantolatria podem trazer sérios comprometimentos para sua vida em curso como a falta de limites, não aceitação de regras, baixa tolerância à frustração, insegurança e sentimento de raiva quando contrariada, baixa capacidade de resolução de conflitos, dificuldade para tomar decisões e lidar com mudanças e novidades. Pois como desde pequena ela detinha um “falso controle” da situação, ao se deparar com as regras impostas pela sociedade, sejam elas positivas ou negativas, e a necessidade de interação social, ela se vê despreparada para enfrentar situações adversas, contrariedades e tomada de decisões rápidas para evitar ou solucionar problemas em qualquer área de sua vida.
É verdade que não existe receita para educar seus filhos, mas existem ínfimos recursos para interagir de forma saudável e positiva com eles. O primeiro passo é a aceitação da maternidade e paternidade como condição inerente de suas existências, isto é, pais são responsáveis pelos seus filhos e modelos de aprendizagem a serem imitados pela criança, que apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento e aprendizagem. Sugere-se o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, tais como cursos preparatórios e leituras indicadas, a fim de compreender que existem fases de desenvolvimento até que se alcance a maturidade completa. E para cada fase existem características e necessidades que devem ser respeitadas e atendidas para que a criança possa se desenvolver. Neste sentido os pais precisam entender que seus filhos necessitam de regras e correções de atitudes e comportamentos para que se sintam seguros em suas descobertas e aprendizado. E que são elas, as crianças, quem se adéquam ao ritmo dos pais e da casa, pois são eles que neste momento detém o conhecimento da vida e são os primeiros objetos de identificação e imitação a serem seguidos. Uma boa reflexão do estilo de vida adotado pela família e das coisas e atividades que são por ela valorizadas, como escola, amizades, respeito às diferenças, hábitos de vida saudáveis, levará possivelmente à mudança ou aquisição de novos hábitos direcionados a promover qualidade de vida e harmonia na família. Consequentemente a criança crescerá num ambiente de paz e amor, onde todos se respeitam e se ajudam, de modo a valorizar as boas atitudes e comportamentos realizados pela criança, desenvolvendo, assim, crenças positivas sobre si mesma, sobre as pessoas e sobre o futuro. 


domingo, 19 de julho de 2015

Escolha profissional e tomada de decisão



        A formação acadêmica, primeiramente, requer uma construção gradual e adequada às necessidades individuais do ser humano. Vários fatores concorrem para uma boa escolha, desde o curso pretendido até as condições físicas, emocionais e sociais para sua realização. O essencial consiste na escolha consciente e genuína do futuro graduando, com base em seus interesses, motivações e expectativas, elementos estes que podem sofrer alterações ao longo da jornada. Deste modo, enfrentar possíveis mudanças no caminho representa uma habilidade a ser desenvolvida e praticada com maturidade e segurança, já que a escolha profissional é uma importante decisão na vida de qualquer pessoa.
       Os principais fatores do sucesso acadêmico e profissional consistem na disposição e comprometimento do aluno em buscar e explorar todos os recursos possíveis para contribuir e enriquecer seu aprendizado, independente da universidade ou do tempo de seu ingresso. É claro que boas universidades que apresentam estrutura, materiais e profissionais qualificados apresentam vantagens para o aluno, mas não são garantia de sucesso.
       A vitória reside na mente daquele que realiza com amor e esperança todas as suas tarefas, com entrega, perseverança e humildade.O conhecimento é um bem precioso que liberta a pessoa de seus medos, à medida que ela aprende a controlar seus pensamentos, emoções e comportamentos, construindo crenças positivas e úteis para o alcance de suas metas.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os riscos da Medicalização isolada

        Muito sério, infelizmente tão comum.... o sofrimento existe , como também meios seguros e eficazes de combatê-lo , modificá-lo e até mesmo eliminá-lo. Que tal iniciar demonstrando e expondo seus sentimentos e dificuldades ao profissional tecnicamente especializado e treinado para ouvi-lo e fazer-se ouvir?!
         A medicalização quando empregada como único método para tratar de sintomas físicos, acompanhados de angústia e sofrimento, pode levar a um tratamento inesgotável sem sucesso. Falar de seu sofrimento, seus medos, suas angústias pode alcançar lugares até então inacessíveis de sua mente, com alto potencial revelador de suas causas e origem, dimensão esta jamais atingida por meio de medicamentos. 
        Uma vez conhecidas, apontadas e visualizadas as causas de tamanho sofrimento, o homem tem condições múltiplas e estáveis de enfrentar as consequências negativas que influenciam sua vida presente, libertando-se dos males físicos e psíquicos. 
        A disponibilidade interna, o desejo e a crença na mudança são os principais agentes "medicalizadores" para o processo terapêutico efetivo, acompanhado ou não de medicamentos (TOSETTO, 2015). 


Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA.
A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor.
Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA.
A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia.
Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!
Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”.
Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.
Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.
Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito.
Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde (?!).
Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!!
Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo... não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.
Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado.
Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).
A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida).

Autor: Dr. Carlos Bayma

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Exigências dos tempos modernos e a Síndrome do Pensamento Acelerado

A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) nada mais é do que um sintoma dos Transtornos de Ansiedade, caracterizada pela dificuldade de relaxar e excesso de informações e atividades, que consomem todo o tempo e a energia de uma pessoa, levando a outros sintomas como fadiga física e mental, perda de memória, atenção e concentração, insatisfação e sensação de cansaço constante. Uma das principais causas deste mal do século se encontra nas facilidades e velocidade dos recursos tecnológicos, haja vista a grande quantidade de informações simultâneas provocadas a todo instante na vida das pessoas, que não hesitam em consultar assídua e exageradamente as redes sociais e sites variados para verificação de mensagens e atualizações. Esta pressão psicológica e profissional do trabalho tem prejudicado a saúde física e mental de muitas pessoas, que não conseguem administrar seu próprio tempo e, consequentemente, sofrem dos mais variados problemas psicológicos e doenças físicas.

Assim, nos dias modernos as pessoas buscam alternativas e até mesmo soluções para uma vida mais saudável, com economia de tempo e dinheiro. Neste sentido, a Terapia Cognitiva, sendo uma abordagem clínica de tratamento comprovada cientificamente, oferece recursos eficientes para a pessoa enfrentar o cotidiano com equilíbrio e otimismo. Os pilares que sustentam a TC são a reestruturação de crenças e a solução de problemas, como base nas hipóteses da vulnerabilidade cognitiva e da primazia das cognições sobre as emoções. Isto é, o cliente aprende a identificar, desafiar e reestruturar suas crenças e pensamentos automáticos negativos, responsáveis pelo controle de suas emoções e comportamentos, de modo a elaborar alternativas de pensamentos que os conduz ao alcance de suas metas.

A sugestão para uma vida mais saudável e feliz para aquelas pessoas que, no momento, sentem-se prejudicadas emocional, física ou socialmente, por inúmeros e variados motivos e, portanto, estão com dificuldades para tomar decisões, é a busca de um profissional devidamente treinado e especializado em Psicologia Clínica, em especial em Terapia Cognitiva, nos casos de transtornos de humor, transtornos de personalidade, dificuldades de relacionamento e outras dificuldades. A indicação é a realização de uma avaliação inicial com um psicoterapeuta para orientações adequadas de tratamento.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Como tratar a ansiedade?




Quanto ao tratamento para ansiedade, sem a medicação (antidepressivo e outro especifico para ansiedade) é impossível finalizar um tratamento com sucesso? Um é o complemento do outro? Ou é possível controlar através de técnicas e florais sem a necessidade de uma medicação mais agressiva?
Primeiramente cada caso é único, essa resposta só é possível mediante avaliação e intervenção psicológica. Se o paciente no decorrer da psicoterapia não apresentar melhoras nos níveis de ansiedade, o psicoterapeuta deve encaminhá-lo para avaliação psiquiátrica e neurológica para verificar a necessidade do uso de medicamentos associados à psicoterapia.
Em caso afirmativo, um tratamento complementa o outro. A medicação serve para regular o equilíbrio homeostático do nosso organismo (hormônios, neurotransmissores que regulam nossas emoções) que, por sua vez, sofre influência do estilo de vida da pessoa (pensamentos, atitudes, comportamentos etc).
Ou seja, o medicamento pode ser fundamental, ou até mesmo dispensável para o quadro sintomatológico de ansiedade, desde que a pessoa modifique seu estilo de vida, possível somente pelo desejo de mudança e busca de ajuda profissional especializada do psicólogo clínico. 
A Terapia Cognitiva consiste em uma abordagem teórica e prática de psicoterapia, comprovada cientificamente e eficaz para os transtornos de ansiedade.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Redes sociais e relacionamentos

Mulheres, em especial, se queixam da falta de iniciativa dos homens em situações de conquistas e pela falta de comprometimento nas relações amorosas. Razões óbvias podem ser encontradas quando tecemos uma comparação com o modo de vida há 30 anos.
Nesta ocasião não tínhamos torpedos, sms, whats app, scrapbook, Instagram etc. Ou seja, se um homem desejasse uma mulher, por diversas intenções, a única saída eram os encontros, muitas vezes às escondidas. No mínimo, ele tinha a incumbência de redigir um recado, um tanto convincente, identificando-se e fazendo um convite, o que, nos dias de hoje, raramente acontece.
Os diálogos virtuais são monossilábicos, vagos, inseguros e indiscriminados. É como uma roleta plantada em uma prova de velocidade, na qual a sorte está lançada, aquela que responder ligeira alcança a segunda etapa do “cortejo”, que inclui a segunda palavra do diálogo.
Vejam bem, os critérios são efêmeros, descontínuos e instantâneos para “selecionar” os alvos. Não esquecendo um critério importantíssimo que não exige nenhum esforço intencional do homem no momento da escolha, um simples sinal verde indica para ele as pessoas disponíveis naquele exato momento, no qual os demais programas “melhores” já foram descartados ou até mesmo realizados. A cama está armada! Basta um simples oi ou uma piscadinha, pronto: “Levei!”
Como não bastasse, existem as opções muito divertidas, as carinhas ou figuras, que substituem a expressão de afeto e sentimentos entre as pessoas, que dispensam quaisquer explicações, possibilidades de dúvidas, sugestões ou alternativas de solução de problemas, determinando o fim daquele capítulo. Deste modo, a dor, o sofrimento, a expectativa e a frustração não precisam ser experimentadas pelo par interativo, dada a efemeridade das relações.
Por conseguinte, não se faz necessário nenhuma forma de comprometimento, já que tudo está finalizado, como uma construção que se inicia e finda no mesmo compasso, seguindo para a próxima tentativa, que se apresenta como uma nova oportunidade de encontro, com começo, meio e fim. Sensação de liberdade, controle da situação e ausência de sofrimento.
Filhos? Imprevistos casuais, temporais e externos à pessoa, já que não estava na sua intenção, por isso não será preciso abrir mão da sua liberdade, do controle da situação e, sobretudo, da ausência de sofrimento. Afinal de contas, todo mundo quer ser feliz e amado, ops... a segunda opção é dispensável, já que ninguém sabe explicar o que é o amor!


Créditos da imagem: http://www.quickdrops.com.br/2013/05/assumindo-nas-redes-sociais.html

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Depressão ou tristeza?

Como identificar os primeiros sintomas de depressão?
A depressão é classificada como um transtorno de humor conforme o DSM-IV, podendo apresentar diferentes níveis de comprometimento físico e mental.
Segundo o Inventário Beck de Depressão (BDI), a doença pode ser classificada em grau mínimo, leve, moderado ou grave, de acordo com os sintomas apresentados.
Alguns dos principais sintomas são: sentimento de tristeza constante, perda de interesse pelas pessoas e coisas em geral, dificuldade de tomar decisões, irritabilidade, pensamentos suicidas, crenças de fracasso, culpa e inferioridade, alterações no sono, alimentação, disposição física, preocupações com a saúde e perda da libido.
Uma forma de tratamento eficaz é a combinação da terapia cognitiva com o tratamento medicamentoso, quando necessário, segundo avaliações clínicas por profissionais especializados. Quanto mais cedo a busca por ajuda profissional, melhor será o prognóstico da doença e consequentemente, sua cura.
 É muito importante estar alerta para não confundir um estado de tristeza temporal  e específico, o qual todos nós podemos sofrer inúmeras vezes, com a instalação de um quadro depressivo, na qual a pessoa sente imensa dificuldade de enfrentá-lo sozinha, sendo um estado de tristeza sem causa aparente e constante no dia-a-dia da pessoa.
Para maiores esclarecimentos acerca de uma das doenças do mal do século, segue uma sugestão bibliográfica:
BECK, A.T. e col. Terapia Cognitiva da Depressão. ARTMED. 1a edição. 1997.